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Maio de 2021

domingo, 19 de janeiro de 2020

[História] Cronologia Etern-Therimah com comentários - Parte 1


(Nota da tradutora do rúnico arcaico: Os documentos apresentados a seguir e nas próximas seções são relatos recuperados através de expedições arqueológicas ocorridas ao longo desta década, a constar do ano 230RD à 240RD (Refundação de Doradem). São escritos provavelmente datados do final do período arcaico onde Therimah era denominada pelo nome Etern, aparentemente uma época onde a busca por resgatar dados de períodos ainda anteriores estava em voga, devido ao detalhamento ímpar de tais relatos.
Também gostaria de acrescentar uma nota histórica desta tradução sobre a estranheza e divergência imensa entre Mundo Antigo e a Therimah contemporânea. Sem grande alarde, irei apontar algumas das incongruências de tais textos através de notas.)
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Cronologia de Etern detalhada

Era dos Deuses
(N.T.: Relembro o dito em nota anterior sobre a incompatibilidade do texto a seguir com as crenças atuais difundidas fora dos círculos da religião dos Infinitares. Fiz o possível para não deixar nenhuma informação de fora, apesar de não ter apego pessoal por tais crendices.)
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No início do mundo os deuses eram próximos aos mortais
No início dos tempos a magia entre dos homens era tão natural que nem sabiam o quão extraordinário eram seus feitos. Mesmo nos pequenos vilarejos, ou entre os pescadores de águas gélidas, a magia era algo natural e necessário para a sobrevivência naqueles tempos onde os dias e noites mudavam de duração a cada mês e o frio e calor se alternavam sem seguir qualquer rotina. Os escritos mais antigos de que se tem registro são de um vilarejo deven e neles está dito que mesmo o ar que se respirava parecia conter a energia que circulava por todas as partes do mundo.
Os deuses criadores de Etern reinavam sobre seus mortais como pais bondosos e pacientes. Ensinavam aos humanos sobre a educação e a importância da escrita. Mandavam-lhes animais para que se alimentassem quando a fome era grande e não deixavam as tempestades destruírem as suas casas simplórias.
Os paraxos foram o povo que mais cresceu culturalmente no início dos tempos. Logo suas pequenas vilas formaram as primeiras cidades e eles conheceram os caminhos dos mares. A magia amarela, nativa destes povos, os ajudava a enriquecer o intelecto, uma vez que através de suas invocações vários seres ancestrais surgiam para aconselhá-los.
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Os povos bárbaros
Dentre os povos bárbaros extintos nos primórdios de Etern dois se destacaram por sua grande importância para a configuração de sociedades poderosas das eras seguintes.
O primeiro foi uma tribo de guerreiros selvagens que habitaram o estreito entre o que se tornou o território da Nação Orgulhosa Aika e o Deserto da Desolação. Eram pessoas de aspecto selvagem, corpulentas, de cabelos azulados e pele amarelada. Histórias sobre hábitos canibais desta tribo persistiram pelo tempo, mas a verdade nunca foi esclarecida. Eram adoradores das guerras e amantes do poder, tornando-se naqueles tempos os mandantes de toda aquela região, subjugando o outro povo que vivia ali, também ancestral dos modernos aikas. Foram dizimados durante a expansão dos daasts, durante a ascensão de Beidbed, tendo seus únicos rastros nos descendentes que tiveram junto com o povo que veio a se tornar o aika.
O segundo povo bárbaro habitou na fronteira entre os continentes Simes e Rokor. De cabelos ruivos e dotados de uma grande inteligência constituíram um reinado que mesclou povos de ambos os continentes naquela região. Eram pacifistas e amantes da cultura. Foram dizimados pelos daasts, porém o sangue desta linhagem, junto aos simes e devens primitivos formou o que veio a ser o povo deven moderno.
Houve também um terceiro povo bárbaro de importância, os Daast. A diferença deles para os outros é que, ainda que muitos tenham acreditado por séculos na sua extinção eles nunca desapareceram. Um povo com valores amorais, com sede de poder e sangue que ameaçou a vida das outras nações no início dos tempos, tendo Beidbed, seu Deus Guardião como aliado direto em suas vitórias. Com a primeira queda de Beidbed e a ascenção do Clã Sagrado, os daast foram perseguidos e quase extintos. Sobreviveram muito poucos, que escolheram as paisagens degradadas de uma parte específica do continente Simes para esconder-se e esperar pelo retorno do seu protetor, Beidbed.
(N.T.: Esta seção mostra como a visão de povos do Período Antigo era limitada. Existe alguma descrição do povo que sabemos ser o narin, mas os oboji, por exemplo, sequer são citados, assim como os ayuma e os lafos. É de se pensar que, a ausência de tais culturas de tamanha importância durante este e todos os outros relatos encontrados durante as escavações seja fruto de uma possível supressão real de tais povos que, apenas após a libertação das crenças do Período Antigo, puderam prosperar e integrar o mundo plural de povos e ideologias que temos atualmente.)
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As outras nações primitivas de Etern
Dos outros povos de Etern vale destacar o desenvolvimento inicial dos simes e dos paraxos. Os simes cresceram através de pequenas vilas que logo se tornaram províncias autônomas. O início dos paraxos foi bem semelhante ao dos simes, porém muito mais acelerado, destacando-se o aspecto cultural, no qual o Deus Guardião deles, Parax, os guiava com cuidados maiores.
Como o continente Nayo, habitat dos paraxos, é um arquipélago com duas grandes ilhas e outras dezenas menores, logo este povo se voltou para o mar. Criaram uma frota naval não-bélica para atravessar os oceanos, assim estabelecendo missões de exploração para outras partes do mundo. Essas missões se espalharam com os mais diversos objetivos, dependendo da região de origem.
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A ascenção de Beidbed
Dentre os cinco deuses criadores de Etern sempre existiram inimizades. Conflitos ancestrais que nenhum mortal jamais soube entender a origem, pois as raízes desses ódios vinham de antes do próprio tempo de Etern começar.
Acontece que Beidbed, deus-guardião dos daasts e Senhor das Sombras de Etern, tinha completa aversão aos outros quatro imortais. Seu desejo de destruição era tamanho que mesmo no início dos tempos ele controlava-se para não quebrar todas as regras e acabar com a existência de seus rivais. Desde o primeiro dia ele tramou seu plano para subjugar não somente os deuses, como também seus frágeis povos protegidos, inocente e mortais sobre as planícies de Etern.
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O avanço dos daasts sobre os outros povos
Com o apoio de Beidbed, os daasts se espalharam pelo mundo com a missão de destruir e conquistar todos os territórios que encontrassem pela frente. Neste período povos inteiros foram dizimados e as primeiras províncias simes foram desmanteladas. Os conhecimentos mágicos dos daasts eram todos voltados para assassinatos e maldições, fazendo deles guerreiros incomparáveis com quaisquer outros até então.
Chegou ao ponto em que o próprio Beidbed caminhou à frente de suas tropas mortais, na vez em que destruíram por completo a cidade mais desenvolvida daqueles tempos. Foi então que os outros deuses decidiram intervir contra as atitudes do Senhor das Sombras de Etern, iniciando o que ficou conhecido como Batalha dos Deuses.
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Batalha dos Deuses
Wolferh versus Beidbed
O primeiro Deus-Guardião a reagir às agressões de Beidbed contra os mortais foi Wolferh. Dentre os criadores de Etern, Wolferh era o mais feroz e violento. Ele decidiu lutar contra Beidbed diretamente para deter seus avanços, mesmo com a oposição dos outros três deuses. Sem dar ouvidos aos alertas de nenhum deles, Wolferh partiu para o solo mortal de Etern e desafiou Beidbed.
Em todas as partes do mundo os mortais sentiram o horror do combate entre dois Deuses-Guardiães. E o temor pelo fim dos tempos ainda tão curtos de Etern passou pelo coração de cada um, pois o poder e destruição daquela luta era incomparável a qualquer coisa que conhecessem.
Porém Beidbed tinha a seu favor a falta de limites e moral e assim decaptou a cabeça de Wolferh em um golpe perfeito, fazendo o sangue deste jorrar pelas terras mortais. E foram nas terras onde o sangue cheio de rancor de Wolferh jorrou que se formou os pântanos e vales onde o povo daasts posteriormente passou a habitar. Uma terra escura e podre que jamais voltou a ser uma floresta.
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Simes versus Beidbed
Com a destruição de Wolferh, os outros três deuses-guardiães viram-se em uma crise. Simes, que era o mais próximo a Wolferh decidiu que iria vingá-lo e clamou pelo apoio de Ran e Parax, porém ambos negaram seu pedido. Ran declarou que em toda a sua existência só iria erguer sua espada uma única vez, mas aquela não era ainda a hora certa. Parax, já convencido de que aquela batalha contra Beidbed iria devastar Etern por completo, decidiu tomar suas próprias atitudes em prol dos mortais que dera vida e abençoara.
Simes então partiu para a batalha sozinho, ainda que temeroso. Beidbed havia se tornado ainda mais poderoso com a morte de Wolferh, pois ele absorvera para si toda a energia transcendental da arma do deus deposto.
A batalha de Simes e Beidbed foi ainda mais terrível do que a anterior, pois Simes era o mais habilidoso dos imortais e defendia-se bem das investidas do inimigo. O Senhor das Sombras ficou ferido nesta batalha, porém ao final saiu vitorioso, destruindo assim o segundo de seus rancores. Porém foi impossível para ele tocar na espada deixada pelo derrotado e o desgaste que sofreu o fez abandonar os campos de batalha por algum tempo, deixando os daasts continuar a conquista de Etern por si mesmos.
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A Parede do Fim
Parax decidiu que o seu povo, os paraxos, não iriam sofrer pelos erros dos outros deuses-guardiães de Etern e então ergueu uma barreira no meio do oceano para separar o continente Nayo do resto do mundo. E assim durante mais de um milênio seu povo ficou quase isolado. Este fato foi o que possibilitou o desenvolvimento das duas nações que ali se formaram: Lifay e Nofay.
Porém, como dito antes, os paraxos enviaram muitas missões marítimas para desbravar os outros continentes e, com o surgimento da Parede do Fim, muitos desses exploradores acabaram ficando do lado de fora da proteção. Estas missões se uniram e formaram uma tribo nômade. Estes ficaram conhecidos como Os Esquecidos de Parax e o amor por suas terras natais foi destruído por estes acontecimentos.
Os Esquecidos de Parax decidiram combater os daasts por si próprios, como uma maneira de honrar o que achavam que o próprio Parax deveria ter feito. Obtiveram muitas vitórias e por todos os lados os povos oprimidos ouviram falar dos feitos daqueles guerreiros.
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A Espada Spirit e Ien Etern
E aconteceu que em determinado momento a tribo nômade chegou até a grande planície onde ocorrera o embate entre Beidbed e o Deus Simes. Diferente do que acontecera no caso de Wolferh, a natureza fora preservada após o confronto e aquelas terras eram férteis e de clima agradável. A única marca da batalha era o da Espada Spirit, arma sagrada do deus destruído, que estava cravada no solo, como que deixada para um sucessor.
Nenhum dos mortais conseguia tocar na espada, porém Ien, o líder dos Esquecidos naqueles tempos ao aproximar-se da lâmina imortal pode sentir que seu coração era chamado para aquele objeto e assim ele estendeu a mão para segurar a espada.
A Espada aceitou Ien, que a retirou do solo. E naquele instante, tão rápido quanto um segundo, todo o conhecimento secreto e proibido para os mortais entrou na alma de Ien e o fez entender que existia uma fonte de energia quase inesgotável dentro da alma de cada pessoa. E isso fez de Ien o guerreiro mortal mais poderoso sobre Etern naqueles tempos e em quase todos os posteriores.
Naquele momento o paraxo declarou-se perante seus companheiros como Ien Etern, o primeiro rei de todas as terras de Etern e fundador do Clã Sagrado, que seria a sua própria linhagem daquele momento em diante.
Mesmo entre seus amigos, muitos duvidaram das palavras de Ien, porém ele mostrou que suas palavras eram verdadeiras quando o grupo partiu novamente para combater os daasts.
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O clã sagrado contra os daasts
O poder de Ien Etern era enorme e nos campos de batalha isso transpareceu. Todos os que o assistiam batalhar ficaram assombrados e acreditaram por fim que aquele homem era abençoado pelo poder divino. E ainda que o domínio dos daasts fosse grande, neste período, muitos de seus territórios foram retomados pelas mãos de Ien Etern.
Ien espalhava por onde passava a mensagem da existência do Clã Sagrado, os verdadeiros governantes de toda Etern, abençoados pelos deuses. E mesmo naqueles tempos de medo, muitas pessoas acreditaram em suas palavras graças aos feitos que realizava.
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O início da ordem dos magos marciais
Porém Ien Etern pensava em mais do que ter o poder de um rei. Ele desejava ter os mais poderosos guerreiros sempre ao lado de seus descendentes e assim instituiu uma ordem de guerreiros: a Ordem dos Magos Marciais. Ele começou ensinando a seus companheiros mais virtuosos os segredos da energia mágica que havia dentro da alma de cada ser humano e que poderia ser usado para o combate. E assim formou-se uma pequena e quase indestrutível tropa de guerreiros que fez os feitos do Clã Sagrado se tornarem ainda mais conhecidos por todo o mundo.
(N.T.: Esta seção mostra um elemento que persiste até os tempos atuais – os magos marciais.)
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Ran versus Beidbed, sua vitória e a fuga desesperada de Beidbed
Mas a Batalha dos Deuses ainda não havia terminado, pois com a morte de Simes, o pacífico guardião Ran, criador das terras dos Golomites e Yadommns percebeu que enfim chegara a sua hora de batalhar.
Beidbed menosprezou o alerta de Ran, que disse-lhe para desistir de seus planos de destruição das criações dos outros guardiões e por isto este ergueu-se por fim para o confronto definitivo.
Acontece que o Senhor das Sombras não previu que o Mestre da Natureza fosse tão poderoso quanto de fato se mostrou em combate. Mesmo utilizando-se das técnicas mais violentas, Beidbed não conseguiu em momento nenhum ameaçar Ran. Este por sua vez feriu e marcou Beidbed de uma maneira tão profunda que suas chagas levariam séculos para cicatrizar e assim o baniu de Etern para as profundezas dos vales esquecidos do mundo dos imortais, chamado O Elevado.
E todos os mortais souberam do milagre realizado por Ran e quiseram o adorar, porém este decidiu que desapareceria de uma vez por todas de Etern e assim o fez.
E foi graças a esses acontecimentos da “Batalha dos Deuses” que os mortais entenderam que não poderiam esperar pelas bênçãos divinas. Graças a isto os credos de todos os povos de Etern sempre foram de menor importância social do que seriam em culturas em desenvolvimento, pois mesmo que em alguns séculos não houvessem mais pessoas que recordassem do poder tremendo dos deuses, todos sabiam que estes não se importavam com os mortais, querendo apenas resolver suas próprias questões.
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Os daasts são subjugados e massacrados
Com o afastamento de Beidbed não houve nada que impedisse o Clã Sagrado de destruir o império dos daasts. Foram décadas de perseguição a este povo, e o objetivo dos herdeiros de Ien Etern era apenas um: exterminar por completo aquele povo amaldiçoado.
Os daasts foram reduzidos a centenas e só sobreviveram por escolher os vales perigosos de Simes para construir pequenas cidades entre as rochas.
Depois disso não mais se ouviu falar nos daasts e por séculos eles foram dados como extintos, restando apenas as lendas sobre o reino de sombras que haviam construído nos primórdios de Etern.
E estes acontecimentos marcam o fim da era mais primitiva de Etern.
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A fundação de Doradem
Com o fim da caçada aos daasts, o Clã Sagrado retornou às planícies onde Ien Etern encontrara a Espada Sime e ali decidiram erguer a sua morada. Uma cidade planejada para se tornar a capital mundial e o lar do Clã Sagrado. E chamaram aquela cidade dos sonhos de Doradem.
Levaram-se muitas gerações para que o acampamento dos que foram a tribo dos Esquecidos se tornasse uma cidade-fortaleza, mas de fato isto aconteceu antes do oitavo descendente de Ien Etern morrer.
(N.T.: É de conhecimento comum que a Doradem atual é a terceira cidade com este nome. É um verdadeiro achado histórico ver que a cidade primeira é vinda de um tempo tão antigo que é possível mesmo dissociar sua fundação de elementos de mitologia e fantasia de tempos tão remotos.)
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A conquista da posição do Clã Sagrado
Depois da era de sombras que fora a época da batalha dos guardiões de Etern, os povos voltaram a desenvolver suas sociedades e culturas. Os aikas foram os primeiros a se declarar como uma verdadeira nação unificada e habitaram as terras geladas ao norte do continente Rokor. Também foram os que primeiro desenvolver uma economia mais complexa dentro do próprio território.
Diversas nações menores foram se formando em Simes, a maioria se tratando da união de vilas de agricultores em torno de uma pequena cidade onde se realizava o comércio entre esses vilarejos. A presença dos magos brancos na administração dessas pequenas nações era grande, visto que esses magos eram vistos como pessoas justas e de grande sabedoria.
Os devens tornaram-se especialistas em navegação, estabelecendo a maior nação em território daqueles tempos. Isto porque suas cidades se espalhavam pelas costas de Rokor e as comunicações se davam pelos mares.
Os halz eram o povo mais fechado, mas já eram um império próprio desde as épocas antigas.
Nestes tempos o Clã Sagrado fazia grandes esforços para ser reconhecido como o poder central de Etern. Fizeram aliança com as lideranças devens e com algumas das províncias simes, porém a relação com os aikas era mais difícil. Foi somente com batalhas que a o Clã conseguiu um documento da realeza aika reconhecendo a posição da família Etern, o que na prática não mudou muito as relações de poder, diferente do que aconteceu com as relações comerciais. Doradem tornou-se um território muito rico naqueles dias.
(N.T.: Foi tentar reavivar tais valores de centralização e hierarquia aos moldes das lendas do Clã Sagrado que levou à guerra que destruiu a segunda Doradem e criou uma crise econômica e humanitária em escala mundial.)
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Riul Simes e a fundação do país Simes, pela união das províncias
Com o desenvolvimento das províncias independentes que ocupavam a parte central e sul do continente Simes, o início de um movimento de unificação ocorreu de modo natural. Porém questões logísticas, causadas pela enorme distância existente entre a maioria das cidades mais desenvolvidas pareciam tornar aquele anseio impossível de ser concretizado. Foi o guerreiro e pensador Riul Simes quem conseguiu realizar tal façanha. Ele escreveu de próprio punho os documentos e livros que serviriam de base para o funcionamento governamental de uma nação com território tão imenso, regras estas que além de possibilitar a criação do Estado, não retirava os poderes de cada uma das cidades desenvolvidas das províncias. Porém, devido à resistência de algumas das províncias mais distantes da capital estabelecida, foi apenas com o advento de um conflito com os aikas que o novo regime foi totalmente aceito. Assim surgiram os Estados Unificados Simes, uma nação que prosperou rápido, assim como a magia branca.
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Mago Wuith
Durante os séculos seguintes a Magia Branca, arte mágica dos Simes, prosperou graças à construção do Siẽ Branco, produto da aliança do governo com Doradem. Grandes mestres desenvolveram seus trabalhos nesse lugar dedicado ao estudo e espiritualização. Neste período, vários sábios alcançaram a própria imortalidade através do seu conhecimento e paz. Porém, os mais conhecedores dos segredos do Destino, começaram a prever um futuro nebuloso, onde toda a forma de magia seria extinta. Graças a essas previsões terríveis que este grupo de imortais decidiu abandonar Etern. Em questão de duas décadas todos os mestres mais antigos em magia branca desapareceram, levando consigo não apenas os segredos da imortalidade, como também diversos outros conhecimentos místicos avançados, jamais recuperados através dos estudos de seus discípulos. Foi apenas um daquele grupo de imortais, que permaneceu, em uma atitude de rebelião incompreensível para os mortais.
Mago Wuith era como o conheciam. Fisicamente um senhor de idade avançada, corpo curvado e magro. O mago permaneceu em Etern com a esperança de que seus conhecimentos e intervenções pudessem, no futuro fatídico, impedir a total perda de fé dos povos de Etern. Wuith se afastou dos outros magos que conhecia e viu de longe o início da decadência acentuada da magia branca.
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As guerras entre devens, halz e aikas
Durante os séculos seguintes a História foi pontuada por uma série de conflitos entre as diversas nações, todos em paralelo ao próprio desenvolvimento dos povos, que ocorria de maneira dificultosa. Algumas dessas guerras chegaram a se estender por mais de dois séculos. A mais notória foi entre os povos Deven, Aika e Halz. Pontua-se que para os Aikas houveram pouquíssimos períodos em que a nação não estivesse oficialmente em batalha contra alguma outra. A natureza predatória dos aikas os fazia ansiar por estes embates.
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Éluri Riulis e os três irmãos Etern
Passou mais de um milênio desde a expurgação do Deus-demônio Beidbed de Etern quando Éluri Riulis foi encontrada pelo misterioso Mago Wuith. Ela era a filha caçula de uma família de comerciantes da província Leste do Estado Simes. Uma jovem com estudo básico, mas sem qualquer perspectiva de ter um destino diferente do que tiveram suas antepassadas. Porém o mago andarilho percebeu naquela jovem um potencial enorme para a magia branca, algo que era muito raro já nesta época, então pediu a seus pais para que permitissem que ela fosse educada no Siẽ Branco, em Doradem, o que eles aceitaram de imediato.
Ao mudar-se para Doradem, Éluri acabou conhecendo os três irmãos descendentes diretos da coroa do Clã Sagrado. Willian Etern VII, Charle Jones Etern e Thomas Etern. Ela acabou se tornando uma das poucas amizades dos irmãos fora dos muros do castelo da Família Real. Essa proximidade desde cedo foi o que levou Éluri Riulis a se casar posteriormente com William, ascendendo assim ao mais alto patamar da realeza de Etern.
Sobre Charle Jones é importante destacar o caminho tortuoso que ele escolheu para sua vida, após o fim dos estudos no Siẽ Aika. Por ter muita inveja do irmão mais velho, William, que herdaria o trono de governante de Doradem e de todas as terras de Etern, Charle acabou por afastar-se da família, indo viver entre os aikas, inclusive casando-se com uma jovem pela qual se apaixonara na época dos estudos do S.A.M.A. Ele viveu durante alguns anos em paz nessa sua nova vida, porém o sentimento amargo da inveja não o abandonou. Foi quando um mago obscuro, conhecido como Chiwan, se aproximou o príncipe, seduzindo-o com a promessa de grandes poderes, com os quais poderia se vingar de seu irmão. Assim, Charle Jones abandonou sua nova família, antes mesmos do nascimento de sua primeira filha, para buscar sua “vingança” contra William. Assim, ele se tornou o demônio conhecido como Dragonwar.
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O início do legado da Família Magno
Os Magno não passavam de uma pequena família da classe burguesa da capital da província sul do Estado Simes. Pessoas com uma vida agradável, mas sem qualquer relevância para um âmbito social mais amplo. Normalmente os homens dessa família se tornavam secretários e assessores dos prefeitos locais. Isto até o nascimento de Mary Magno.
O Mago Wuith visitou a cidade onde vivia a família Magno em sua eterna caminhada em busca das pessoas certas para mudar o destino cruel que aguardava o futuro de Etern. Ele conheceu Mary Magno ao ser recepcionado pelo círculo burguês do lugar. Uma menina sem aparentar fisicamente nada de anormal, mas que os sentidos apurados do mago, mostrou um talento para a chamada magia marcial enorme, como o mago não se recordara já ter percebido. Assim como no caso de Éluri Riulis, o mago pediu permissão da família para que a garota fosse educada de maneira adequada, a preparando para um futuro muito maior do que lhe estaria reservado se permanecesse naquela cidade pacata.
Mary se tornou um dos mais poderosos Magos Marciais de todos os tempos, a mais poderosa de sua geração. Ela e Éluri Riulis se tornaram grandes amigas em suas juventudes.
(N.T.: Tanto o Clã Riulis quanto o Clã Magno são famílias que tem ainda certo protagonismo no cenário político de Doradem até os tempos de hoje, apesar de em partes da história terem desaparecido dos registros.)
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Mary Magno versus Beidbed
Ocorreu que, neste período, depois de um milênio vivendo em trevas e humilhação, o Deus-demônio Beidbed estava quase recuperado totalmente dos danos sofridos pelas mãos do deus Ran. E o desejo de vingança para com o grupo, agora desfeito, de deuses criadores de Etern ainda não havia se extinguido. Muito pelo contrário. Beidbed começou a planejar sua invasão e tomada de Etern. Se os próprios criadores não iriam pagar, seus povos mortais o iriam. Seu desejo é de que os daasts governassem.
Foi quando Mary Magno cruzou o caminho do deus quase recuperado. Assim como ocorria a todos os grandes guerreiros de Etern, Mary também se tornou servidora direta dos interesses do Elevado, o mundo dos imortais. Foi com um golpe de grande sorte que Mary acabou por revelar as intenções de Beidbed e confrontá-lo diretamente.
Para Beidbed uma batalha com uma mortal não parecia significar qualquer ameaça, afinal um dos preceitos mais básicos da imortalidade é que apenas outro imortal, ainda mais poderoso, poderia lhe derrotar. Porém, o deus ignorou o fator misterioso inerente àqueles chamados pelos Antigos de Infinits, o que levou a batalha a um desfecho inesperado.
Beidbed foi ferido por Mary Magno, que em um ataque de sacrifício de toda a sua força mágica proveniente do fundo da sua alma humana, conseguiu atingir de maneira quase fatal o demônio. Em troca desse ato, porém, Mary teve sua estrutura mais profunda da alma aleijada de maneira irreparável, a condenando a nunca mais ser capaz de utilizar suas habilidades mágicas grandiosas.
Para o deus-demônio aquela derrota foi uma surpresa tremenda, porém, após passado o choque daquele acontecimento, ele percebeu que aquilo apenas adiara em algumas décadas a sua vingança, o que o fez aguardar com paciência pelo momento.
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A Batalha Sombria
Após estes fatos, graças à intervenção de Éluri Etern, filha de Éluri Riulis e Willian Etern, somada as providências tomadas pelo Mago Wuith, foi formada uma trama secreta para combater o ataque que em breve atingiria Etern. Essa trama tinha como figuras centrais os irmãos gêmeos Fredan e Shin, filhos de Mary Magno, mas afetaria todas as escalas de sociedade ao redor do mundo. A trama manteve oculta até o retorno real de Beidbed à Etern, o início da que ficou conhecida como Guerra Sombria ou Batalha Sombria.
Neste confronto o povo daast revelou sua existência novamente ao mundo e iniciou o ciclo de ataques e batalhas contra os outros povos. Mesmos as forças de Doradem não eram o bastante para deter os ataques que ocorriam por todos os lados. Os daasts tinham como aliados os demônios invocados pelo próprio Beidbed, além de criaturas sombrias das profundezas do mundo, como os vormus. Graças a essas forças os conflitos muitas vezes eram vencidos pelo lado sombrio.
Os povos de Parax também se revelaram ao resto de Etern, nesta ocasião, oferecendo apoio e batalhando ao lado de Doradem contra os inimigos. Houve alguma confusão entre os povos aliados devido a essa ajuda, o que levou a várias derrotas desnecessárias para os povos aika e simes durante a guerra.
Os caminhos da batalha foram tortuosos, mas ao final o plano de Éluri Etern foi bem-sucedido e assim Beidbed foi derrotado. A derrota do último dos deuses de Etern foi o marco do final da primeira era histórica de Etern, a Era dos Deuses.
(N.T.: Apesar de ser um evento de tal magnitude que marcou a divisão das eras históricas, há pouco sobre a Batalha Sombria nos relatos encontrados.)

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