(Nota
da tradutora do rúnico arcaico:
Os documentos apresentados a seguir e nas próximas seções são
relatos recuperados através de expedições arqueológicas ocorridas
ao longo desta década, a constar do ano 230RD à 240RD (Refundação
de Doradem). São escritos provavelmente datados do final do período
arcaico onde Therimah era denominada pelo nome Etern,
aparentemente uma época onde a busca por resgatar dados de períodos
ainda anteriores estava em voga, devido ao detalhamento ímpar de
tais relatos.
Também
gostaria de acrescentar uma nota histórica desta tradução sobre a
estranheza e divergência imensa entre Mundo Antigo e a Therimah
contemporânea. Sem grande alarde, irei apontar algumas das
incongruências de tais textos através de notas.)
.
Cronologia de Etern detalhada
Era
dos Deuses
(N.T.:
Relembro o dito em nota anterior sobre a incompatibilidade do texto a
seguir com as crenças atuais difundidas fora dos círculos da
religião dos Infinitares. Fiz o possível para não deixar nenhuma
informação de fora, apesar de não ter apego pessoal por tais
crendices.)
.
No
início do mundo os deuses eram próximos aos mortais
No
início dos tempos a magia entre dos homens era tão natural que nem
sabiam o quão extraordinário eram seus feitos. Mesmo nos pequenos
vilarejos, ou entre os pescadores de águas gélidas, a magia era
algo natural e necessário para a sobrevivência naqueles tempos onde
os dias e noites mudavam de duração a cada mês e o frio e calor se
alternavam sem seguir qualquer rotina. Os escritos mais antigos de
que se tem registro são de um vilarejo deven
e neles está dito que mesmo o ar que se respirava parecia conter a
energia que circulava por todas as partes do mundo.
Os
deuses criadores de Etern reinavam sobre seus mortais como pais
bondosos e pacientes. Ensinavam aos humanos sobre a educação e a
importância da escrita. Mandavam-lhes animais para que se
alimentassem quando a fome era grande e não deixavam as tempestades
destruírem as suas casas simplórias.
Os
paraxos foram o povo que mais cresceu culturalmente no início dos
tempos. Logo suas pequenas vilas formaram as primeiras cidades e eles
conheceram os caminhos dos mares. A magia amarela, nativa destes
povos, os ajudava a enriquecer o intelecto, uma vez que através de
suas invocações vários seres ancestrais surgiam para
aconselhá-los.
.
Os
povos bárbaros
Dentre
os povos bárbaros extintos nos primórdios de Etern dois se
destacaram por sua grande importância para a configuração de
sociedades poderosas das eras seguintes.
O
primeiro foi uma tribo de guerreiros selvagens que habitaram o
estreito entre o que se tornou o território da Nação
Orgulhosa Aika e o
Deserto da Desolação. Eram pessoas de aspecto selvagem,
corpulentas, de cabelos azulados e pele amarelada. Histórias sobre
hábitos canibais desta tribo persistiram pelo tempo, mas a verdade
nunca foi esclarecida. Eram adoradores das guerras e amantes do
poder, tornando-se naqueles tempos os mandantes de toda aquela
região, subjugando o outro povo que vivia ali, também ancestral dos
modernos aikas.
Foram dizimados durante a expansão dos daasts,
durante a ascensão de Beidbed, tendo seus únicos rastros nos
descendentes que tiveram junto com o povo que veio a se tornar o
aika.
O
segundo povo bárbaro habitou na fronteira entre os continentes Simes
e Rokor. De cabelos ruivos e dotados de uma grande inteligência
constituíram um reinado que mesclou povos de ambos os continentes
naquela região. Eram pacifistas e amantes da cultura. Foram
dizimados pelos daasts,
porém o sangue desta linhagem, junto aos simes
e devens
primitivos formou o que veio a ser o povo deven
moderno.
Houve
também um terceiro povo bárbaro de importância, os Daast.
A diferença deles para os outros é que, ainda que muitos tenham
acreditado por séculos na sua extinção eles nunca desapareceram.
Um povo com valores amorais, com sede de poder e sangue que ameaçou
a vida das outras nações no início dos tempos, tendo Beidbed, seu
Deus Guardião como aliado direto em suas vitórias. Com a primeira
queda de Beidbed e a ascenção do Clã Sagrado, os daast
foram perseguidos e quase extintos. Sobreviveram muito poucos, que
escolheram as paisagens degradadas de uma parte específica do
continente Simes para esconder-se e esperar pelo retorno do seu
protetor, Beidbed.
(N.T.:
Esta seção mostra como a visão de povos do Período Antigo era
limitada. Existe alguma descrição do povo que sabemos ser o narin,
mas os oboji, por exemplo, sequer são citados, assim como os ayuma e
os lafos. É de se pensar que, a ausência de tais culturas de
tamanha importância durante este e todos os outros relatos
encontrados durante as escavações seja fruto de uma possível
supressão real de tais povos que, apenas após a libertação das
crenças do Período Antigo, puderam prosperar e integrar o mundo
plural de povos e ideologias que temos atualmente.)
.
As
outras nações primitivas de Etern
Dos
outros povos de Etern vale destacar o desenvolvimento inicial dos
simes
e dos paraxos.
Os simes cresceram através de pequenas vilas que logo se tornaram
províncias autônomas. O início dos paraxos foi bem semelhante ao
dos simes, porém muito mais acelerado, destacando-se o aspecto
cultural, no qual o Deus Guardião deles, Parax,
os guiava com cuidados maiores.
Como
o continente Nayo, habitat dos paraxos, é um arquipélago com duas
grandes ilhas e outras dezenas menores, logo este povo se voltou para
o mar. Criaram uma frota naval não-bélica para atravessar os
oceanos, assim estabelecendo missões de exploração para outras
partes do mundo. Essas missões se espalharam com os mais diversos
objetivos, dependendo da região de origem.
.
A
ascenção de Beidbed
Dentre
os cinco deuses criadores de Etern sempre existiram inimizades.
Conflitos ancestrais que nenhum mortal jamais soube entender a
origem, pois as raízes desses ódios vinham de antes do próprio
tempo de Etern começar.
Acontece
que Beidbed,
deus-guardião dos daasts e Senhor
das Sombras de Etern,
tinha completa aversão aos outros quatro imortais. Seu desejo de
destruição era tamanho que mesmo no início dos tempos ele
controlava-se para não quebrar todas as regras e acabar com a
existência de seus rivais. Desde o primeiro dia ele tramou seu plano
para subjugar não somente os deuses, como também seus frágeis
povos protegidos, inocente e mortais sobre as planícies de Etern.
.
O
avanço dos daasts sobre os outros povos
Com
o apoio de Beidbed, os daasts se espalharam pelo mundo com a missão
de destruir e conquistar todos os territórios que encontrassem pela
frente. Neste período povos inteiros foram dizimados e as primeiras
províncias simes foram desmanteladas. Os conhecimentos mágicos dos
daasts eram todos voltados para assassinatos e maldições, fazendo
deles guerreiros incomparáveis com quaisquer outros até então.
Chegou
ao ponto em que o próprio Beidbed caminhou à frente de suas tropas
mortais, na vez em que destruíram por completo a cidade mais
desenvolvida daqueles tempos. Foi então que os outros deuses
decidiram intervir contra as atitudes do Senhor das Sombras de Etern,
iniciando o que ficou conhecido como Batalha
dos Deuses.
.
Batalha
dos Deuses
Wolferh
versus Beidbed
O
primeiro Deus-Guardião a reagir às agressões de Beidbed contra os
mortais foi Wolferh. Dentre os criadores de Etern, Wolferh era o mais
feroz e violento. Ele decidiu lutar contra Beidbed diretamente para
deter seus avanços, mesmo com a oposição dos outros três deuses.
Sem dar ouvidos aos alertas de nenhum deles, Wolferh partiu para o
solo mortal de Etern e desafiou Beidbed.
Em
todas as partes do mundo os mortais sentiram o horror do combate
entre dois Deuses-Guardiães. E o temor pelo fim dos tempos ainda tão
curtos de Etern passou pelo coração de cada um, pois o poder e
destruição daquela luta era incomparável a qualquer coisa que
conhecessem.
Porém
Beidbed tinha a seu favor a falta de limites e moral e assim decaptou
a cabeça de Wolferh em um golpe perfeito, fazendo o sangue deste
jorrar pelas terras mortais. E foram nas terras onde o sangue cheio
de rancor de Wolferh jorrou que se formou os pântanos e vales onde o
povo daasts posteriormente passou a habitar. Uma terra escura e podre
que jamais voltou a ser uma floresta.
.
Simes
versus Beidbed
Com
a destruição de Wolferh, os outros três deuses-guardiães viram-se
em uma crise. Simes, que era o mais próximo a Wolferh decidiu que
iria vingá-lo e clamou pelo apoio de Ran e Parax, porém ambos
negaram seu pedido. Ran declarou que em toda a sua existência só
iria erguer sua espada uma única vez, mas aquela não era ainda a
hora certa. Parax, já convencido de que aquela batalha contra
Beidbed iria devastar Etern por completo, decidiu tomar suas próprias
atitudes em prol dos mortais que dera vida e abençoara.
Simes
então partiu para a batalha sozinho, ainda que temeroso. Beidbed
havia se tornado ainda mais poderoso com a morte de Wolferh, pois ele
absorvera para si toda a energia transcendental da arma do deus
deposto.
A
batalha de Simes e Beidbed foi ainda mais terrível do que a
anterior, pois Simes era o mais habilidoso dos imortais e defendia-se
bem das investidas do inimigo. O Senhor das Sombras ficou ferido
nesta batalha, porém ao final saiu vitorioso, destruindo assim o
segundo de seus rancores. Porém foi impossível para ele tocar na
espada deixada pelo derrotado e o desgaste que sofreu o fez abandonar
os campos de batalha por algum tempo, deixando os daasts continuar a
conquista de Etern por si mesmos.
.
A
Parede do Fim
Parax
decidiu que o seu povo, os paraxos, não iriam sofrer pelos erros dos
outros deuses-guardiães de Etern e então ergueu uma barreira no
meio do oceano para separar o continente Nayo do resto do mundo. E
assim durante mais de um milênio seu povo ficou quase isolado. Este
fato foi o que possibilitou o desenvolvimento das duas nações que
ali se formaram: Lifay e Nofay.
Porém,
como dito antes, os paraxos enviaram muitas missões marítimas para
desbravar os outros continentes e, com o surgimento da Parede do Fim,
muitos desses exploradores acabaram ficando do lado de fora da
proteção. Estas missões se uniram e formaram uma tribo nômade.
Estes ficaram conhecidos como Os
Esquecidos de Parax e
o amor por suas terras natais foi destruído por estes
acontecimentos.
Os
Esquecidos de Parax decidiram combater os daasts por si próprios,
como uma maneira de honrar o que achavam que o próprio Parax deveria
ter feito. Obtiveram muitas vitórias e por todos os lados os povos
oprimidos ouviram falar dos feitos daqueles guerreiros.
.
A
Espada Spirit e Ien Etern
E
aconteceu que em determinado momento a tribo nômade chegou até a
grande planície onde ocorrera o embate entre Beidbed e o Deus Simes.
Diferente do que acontecera no caso de Wolferh, a natureza fora
preservada após o confronto e aquelas terras eram férteis e de
clima agradável. A única marca da batalha era o da Espada
Spirit, arma sagrada
do deus destruído, que estava cravada no solo, como que deixada para
um sucessor.
Nenhum
dos mortais conseguia tocar na espada, porém Ien, o líder dos
Esquecidos naqueles tempos ao aproximar-se da lâmina imortal pode
sentir que seu coração era chamado para aquele objeto e assim ele
estendeu a mão para segurar a espada.
A
Espada aceitou Ien, que a retirou do solo. E naquele instante, tão
rápido quanto um segundo, todo o conhecimento secreto e proibido
para os mortais entrou na alma de Ien e o fez entender que existia
uma fonte de energia quase inesgotável dentro da alma de cada
pessoa. E isso fez de Ien o guerreiro mortal mais poderoso sobre
Etern naqueles tempos e em quase todos os posteriores.
Naquele
momento o paraxo declarou-se perante seus companheiros como Ien
Etern, o primeiro rei de todas as terras de Etern e fundador do Clã
Sagrado, que seria a sua própria linhagem daquele momento em diante.
Mesmo
entre seus amigos, muitos duvidaram das palavras de Ien, porém ele
mostrou que suas palavras eram verdadeiras quando o grupo partiu
novamente para combater os daasts.
.
O
clã sagrado contra os daasts
O
poder de Ien Etern era enorme e nos campos de batalha isso
transpareceu. Todos os que o assistiam batalhar ficaram assombrados e
acreditaram por fim que aquele homem era abençoado pelo poder
divino. E ainda que o domínio dos daasts fosse grande, neste
período, muitos de seus territórios foram retomados pelas mãos de
Ien Etern.
Ien
espalhava por onde passava a mensagem da existência do Clã Sagrado,
os verdadeiros governantes de toda Etern, abençoados pelos deuses. E
mesmo naqueles tempos de medo, muitas pessoas acreditaram em suas
palavras graças aos feitos que realizava.
.
O
início da ordem dos magos marciais
Porém
Ien Etern pensava em mais do que ter o poder de um rei. Ele desejava
ter os mais poderosos guerreiros sempre ao lado de seus descendentes
e assim instituiu uma ordem de guerreiros: a Ordem dos Magos
Marciais. Ele começou ensinando a seus companheiros mais virtuosos
os segredos da energia mágica que havia dentro da alma de cada ser
humano e que poderia ser usado para o combate. E assim formou-se uma
pequena e quase indestrutível tropa de guerreiros que fez os feitos
do Clã Sagrado se tornarem ainda mais conhecidos por todo o mundo.
(N.T.:
Esta seção mostra um elemento que persiste até os tempos atuais –
os magos marciais.)
.
Ran
versus Beidbed, sua vitória e a fuga desesperada de Beidbed
Mas
a Batalha dos Deuses ainda não havia terminado, pois com a morte de
Simes, o pacífico guardião Ran, criador das terras dos Golomites e
Yadommns percebeu que enfim chegara a sua hora de batalhar.
Beidbed
menosprezou o alerta de Ran, que disse-lhe para desistir de seus
planos de destruição das criações dos outros guardiões e por
isto este ergueu-se por fim para o confronto definitivo.
Acontece
que o Senhor das
Sombras não previu
que o Mestre da
Natureza fosse tão
poderoso quanto de fato se mostrou em combate. Mesmo utilizando-se
das técnicas mais violentas, Beidbed não conseguiu em momento
nenhum ameaçar Ran. Este por sua vez feriu e marcou Beidbed de uma
maneira tão profunda que suas chagas levariam séculos para
cicatrizar e assim o baniu de Etern para as profundezas dos vales
esquecidos do mundo dos imortais, chamado O Elevado.
E
todos os mortais souberam do milagre realizado por Ran e quiseram o
adorar, porém este decidiu que desapareceria de uma vez por todas de
Etern e assim o fez.
E
foi graças a esses acontecimentos da “Batalha dos Deuses” que os
mortais entenderam que não poderiam esperar pelas bênçãos
divinas. Graças a isto os credos de todos os povos de Etern sempre
foram de menor importância social do que seriam em culturas em
desenvolvimento, pois mesmo que em alguns séculos não houvessem
mais pessoas que recordassem do poder tremendo dos deuses, todos
sabiam que estes não se importavam com os mortais, querendo apenas
resolver suas próprias questões.
.
Os
daasts são subjugados e massacrados
Com
o afastamento de Beidbed não houve nada que impedisse o Clã Sagrado
de destruir o império dos daasts. Foram décadas de perseguição a
este povo, e o objetivo dos herdeiros de Ien Etern era apenas um:
exterminar por completo aquele povo amaldiçoado.
Os
daasts foram reduzidos a centenas e só sobreviveram por escolher os
vales perigosos de Simes para construir pequenas cidades entre as
rochas.
Depois
disso não mais se ouviu falar nos daasts e por séculos eles foram
dados como extintos, restando apenas as lendas sobre o reino de
sombras que haviam construído nos primórdios de Etern.
E
estes acontecimentos marcam o fim da era mais primitiva de Etern.
.
A
fundação de Doradem
Com
o fim da caçada aos daasts, o Clã Sagrado retornou às planícies
onde Ien Etern encontrara a Espada Sime e ali decidiram erguer a sua
morada. Uma cidade planejada para se tornar a capital mundial e o lar
do Clã Sagrado. E chamaram aquela cidade dos sonhos de Doradem.
Levaram-se
muitas gerações para que o acampamento dos que foram a tribo dos
Esquecidos se tornasse uma cidade-fortaleza, mas de fato isto
aconteceu antes do oitavo descendente de Ien Etern morrer.
(N.T.:
É de conhecimento comum que a Doradem atual é a terceira cidade com
este nome. É um verdadeiro achado histórico ver que a cidade
primeira é vinda de um tempo tão antigo que é possível mesmo
dissociar sua fundação de elementos de mitologia e fantasia de
tempos tão remotos.)
.
A
conquista da posição do Clã Sagrado
Depois
da era de sombras que fora a época da batalha dos guardiões de
Etern, os povos voltaram a desenvolver suas sociedades e culturas. Os
aikas
foram os primeiros a se declarar como uma verdadeira nação
unificada e habitaram as terras geladas ao norte do continente Rokor.
Também foram os que primeiro desenvolver uma economia mais complexa
dentro do próprio território.
Diversas
nações menores foram se formando em Simes, a maioria se tratando da
união de vilas de agricultores em torno de uma pequena cidade onde
se realizava o comércio entre esses vilarejos. A presença dos magos
brancos na administração dessas pequenas nações era grande, visto
que esses magos eram vistos como pessoas justas e de grande
sabedoria.
Os
devens
tornaram-se especialistas em navegação, estabelecendo a maior nação
em território daqueles tempos. Isto porque suas cidades se
espalhavam pelas costas de Rokor e as comunicações se davam pelos
mares.
Os
halz
eram o povo mais fechado, mas já eram um império próprio desde as
épocas antigas.
Nestes
tempos o Clã Sagrado fazia grandes esforços para ser reconhecido
como o poder central de Etern. Fizeram aliança com as lideranças
devens e com algumas das províncias simes, porém a relação com os
aikas era mais difícil. Foi somente com batalhas que a o Clã
conseguiu um documento da realeza aika reconhecendo a posição da
família Etern, o que na prática não mudou muito as relações de
poder, diferente do que aconteceu com as relações comerciais.
Doradem tornou-se um território muito rico naqueles dias.
(N.T.:
Foi tentar reavivar tais valores de centralização e hierarquia aos
moldes das lendas do Clã Sagrado que levou à guerra que destruiu a
segunda Doradem e criou uma crise econômica e humanitária em escala
mundial.)
.
Riul
Simes e a fundação do país Simes, pela união das províncias
Com
o desenvolvimento das províncias independentes que ocupavam a parte
central e sul do continente Simes, o início de um movimento de
unificação ocorreu de modo natural. Porém questões logísticas,
causadas pela enorme distância existente entre a maioria das cidades
mais desenvolvidas pareciam tornar aquele anseio impossível de ser
concretizado. Foi o guerreiro e pensador Riul
Simes quem conseguiu
realizar tal façanha. Ele escreveu de próprio punho os documentos e
livros que serviriam de base para o funcionamento governamental de
uma nação com território tão imenso, regras estas que além de
possibilitar a criação do Estado, não retirava os poderes de cada
uma das cidades desenvolvidas das províncias. Porém, devido à
resistência de algumas das províncias mais distantes da capital
estabelecida, foi apenas com o advento de um conflito com os aikas
que o novo regime foi totalmente aceito. Assim surgiram os Estados
Unificados Simes, uma
nação que prosperou rápido, assim como a magia branca.
.
Mago
Wuith
Durante
os séculos seguintes a Magia Branca, arte mágica dos Simes,
prosperou graças à construção do Siẽ Branco, produto da aliança
do governo com Doradem. Grandes mestres desenvolveram seus trabalhos
nesse lugar dedicado ao estudo e espiritualização. Neste período,
vários sábios alcançaram a própria imortalidade através do seu
conhecimento e paz. Porém, os mais conhecedores dos segredos do
Destino, começaram a prever um futuro nebuloso, onde toda a forma de
magia seria extinta. Graças a essas previsões terríveis que este
grupo de imortais decidiu abandonar Etern. Em questão de duas
décadas todos os mestres mais antigos em magia branca desapareceram,
levando consigo não apenas os segredos da imortalidade, como também
diversos outros conhecimentos místicos avançados, jamais
recuperados através dos estudos de seus discípulos. Foi apenas um
daquele grupo de imortais, que permaneceu, em uma atitude de rebelião
incompreensível para os mortais.
Mago
Wuith era como o
conheciam. Fisicamente um senhor de idade avançada, corpo curvado e
magro. O mago permaneceu em Etern com a esperança de que seus
conhecimentos e intervenções pudessem, no futuro fatídico, impedir
a total perda de fé dos povos de Etern. Wuith se afastou dos outros
magos que conhecia e viu de longe o início da decadência acentuada
da magia branca.
.
As
guerras entre devens, halz e aikas
Durante
os séculos seguintes a História foi pontuada por uma série de
conflitos entre as diversas nações, todos em paralelo ao próprio
desenvolvimento dos povos, que ocorria de maneira dificultosa.
Algumas dessas guerras chegaram a se estender por mais de dois
séculos. A mais notória foi entre os povos Deven, Aika e Halz.
Pontua-se que para os Aikas houveram pouquíssimos períodos em que a
nação não estivesse oficialmente em batalha contra alguma outra. A
natureza predatória dos aikas os fazia ansiar por estes embates.
.
Éluri
Riulis e os três irmãos Etern
Passou
mais de um milênio desde a expurgação do Deus-demônio Beidbed de
Etern quando Éluri Riulis foi encontrada pelo misterioso Mago Wuith.
Ela era a filha caçula de uma família de comerciantes da província
Leste do Estado Simes. Uma jovem com estudo básico, mas sem qualquer
perspectiva de ter um destino diferente do que tiveram suas
antepassadas. Porém o mago andarilho percebeu naquela jovem um
potencial enorme para a magia branca, algo que era muito raro já
nesta época, então pediu a seus pais para que permitissem que ela
fosse educada no Siẽ Branco, em Doradem, o que eles aceitaram de
imediato.
Ao
mudar-se para Doradem, Éluri acabou conhecendo os três irmãos
descendentes diretos da coroa do Clã Sagrado. Willian Etern VII,
Charle Jones Etern e Thomas Etern. Ela acabou se tornando uma das
poucas amizades dos irmãos fora dos muros do castelo da Família
Real. Essa proximidade desde cedo foi o que levou Éluri Riulis a se
casar posteriormente com William, ascendendo assim ao mais alto
patamar da realeza de Etern.
Sobre
Charle Jones é importante destacar o caminho tortuoso que ele
escolheu para sua vida, após o fim dos estudos no Siẽ Aika. Por
ter muita inveja do irmão mais velho, William, que herdaria o trono
de governante de Doradem e de todas as terras de Etern, Charle acabou
por afastar-se da família, indo viver entre os aikas, inclusive
casando-se com uma jovem pela qual se apaixonara na época dos
estudos do S.A.M.A.
Ele viveu durante alguns anos em paz nessa sua nova vida, porém o
sentimento amargo da inveja não o abandonou. Foi quando um mago
obscuro, conhecido como Chiwan,
se aproximou o príncipe, seduzindo-o com a promessa de grandes
poderes, com os quais poderia se vingar de seu irmão. Assim, Charle
Jones abandonou sua nova família, antes mesmos do nascimento de sua
primeira filha, para buscar sua “vingança” contra William.
Assim, ele se tornou o demônio conhecido como Dragonwar.
.
O
início do legado da Família Magno
Os
Magno não passavam de uma pequena família da classe burguesa da
capital da província sul do Estado Simes. Pessoas com uma vida
agradável, mas sem qualquer relevância para um âmbito social mais
amplo. Normalmente os homens dessa família se tornavam secretários
e assessores dos prefeitos locais. Isto até o nascimento de Mary
Magno.
O
Mago Wuith visitou a cidade onde vivia a família Magno em sua eterna
caminhada em busca das pessoas certas para mudar o destino cruel que
aguardava o futuro de Etern. Ele conheceu Mary Magno ao ser
recepcionado pelo círculo burguês do lugar. Uma menina sem
aparentar fisicamente nada de anormal, mas que os sentidos apurados
do mago, mostrou um talento para a chamada magia marcial enorme, como
o mago não se recordara já ter percebido. Assim como no caso de
Éluri Riulis, o mago pediu permissão da família para que a garota
fosse educada de maneira adequada, a preparando para um futuro muito
maior do que lhe estaria reservado se permanecesse naquela cidade
pacata.
Mary
se tornou um dos mais poderosos Magos Marciais de todos os tempos, a
mais poderosa de sua geração. Ela e Éluri Riulis se tornaram
grandes amigas em suas juventudes.
(N.T.:
Tanto o Clã Riulis quanto o Clã Magno são famílias que tem ainda
certo protagonismo no cenário político de Doradem até os tempos de
hoje, apesar de em partes da história terem desaparecido dos
registros.)
.
Mary
Magno versus Beidbed
Ocorreu
que, neste período, depois de um milênio vivendo em trevas e
humilhação, o Deus-demônio Beidbed estava quase recuperado
totalmente dos danos sofridos pelas mãos do deus Ran. E o desejo de
vingança para com o grupo, agora desfeito, de deuses criadores de
Etern ainda não havia se extinguido. Muito pelo contrário. Beidbed
começou a planejar sua invasão e tomada de Etern. Se os próprios
criadores não iriam pagar, seus povos mortais o iriam. Seu desejo é
de que os daasts governassem.
Foi
quando Mary Magno cruzou o caminho do deus quase recuperado. Assim
como ocorria a todos os grandes guerreiros de Etern, Mary também se
tornou servidora direta dos interesses do Elevado, o mundo dos
imortais. Foi com um golpe de grande sorte que Mary acabou por
revelar as intenções de Beidbed e confrontá-lo diretamente.
Para
Beidbed uma batalha com uma mortal não parecia significar qualquer
ameaça, afinal um dos preceitos mais básicos da imortalidade é que
apenas outro imortal, ainda mais poderoso, poderia lhe derrotar.
Porém, o deus ignorou o fator misterioso inerente àqueles chamados
pelos Antigos de Infinits,
o que levou a batalha a um desfecho inesperado.
Beidbed
foi ferido por Mary Magno, que em um ataque de sacrifício de toda a
sua força mágica proveniente do fundo da sua alma humana, conseguiu
atingir de maneira quase fatal o demônio. Em troca desse ato, porém,
Mary teve sua estrutura mais profunda da alma aleijada de maneira
irreparável, a condenando a nunca mais ser capaz de utilizar suas
habilidades mágicas grandiosas.
Para
o deus-demônio aquela derrota foi uma surpresa tremenda, porém,
após passado o choque daquele acontecimento, ele percebeu que aquilo
apenas adiara em algumas décadas a sua vingança, o que o fez
aguardar com paciência pelo momento.
.
A
Batalha Sombria
Após
estes fatos, graças à intervenção de Éluri Etern, filha de Éluri
Riulis e Willian Etern, somada as providências tomadas pelo Mago
Wuith, foi formada uma trama secreta para combater o ataque que em
breve atingiria Etern. Essa trama tinha como figuras centrais os
irmãos gêmeos Fredan e Shin, filhos de Mary Magno, mas afetaria
todas as escalas de sociedade ao redor do mundo. A trama manteve
oculta até o retorno real de Beidbed à Etern, o início da que
ficou conhecida como Guerra
Sombria ou Batalha
Sombria.
Neste
confronto o povo daast revelou sua existência novamente ao mundo e
iniciou o ciclo de ataques e batalhas contra os outros povos. Mesmos
as forças de Doradem não eram o bastante para deter os ataques que
ocorriam por todos os lados. Os daasts tinham como aliados os
demônios invocados pelo próprio Beidbed, além de criaturas
sombrias das profundezas do mundo, como os vormus. Graças a essas
forças os conflitos muitas vezes eram vencidos pelo lado sombrio.
Os
povos de Parax também se revelaram ao resto de Etern, nesta ocasião,
oferecendo apoio e batalhando ao lado de Doradem contra os inimigos.
Houve alguma confusão entre os povos aliados devido a essa ajuda, o
que levou a várias derrotas desnecessárias para os povos aika e
simes durante a guerra.
Os
caminhos da batalha foram tortuosos, mas ao final o plano de Éluri
Etern foi bem-sucedido e assim Beidbed foi derrotado. A derrota do
último dos deuses de Etern foi o marco do final da primeira era
histórica de Etern, a Era dos Deuses.
(N.T.:
Apesar de ser um evento de tal magnitude que marcou a divisão das
eras históricas, há pouco sobre a Batalha Sombria nos relatos
encontrados.)
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