Seja bem-vinde ao universo ficcional de Infinits! Este é um complexo cenário de aetherpunk que vem sendo moldado e refinado desde janeiro de 2002 por LKMazaki. O Empório Infinits é o lugar onde todas as informações sobre este projeto criativo são arquivadas de modo organizado para referência e expansão.



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- LKMazaki
Maio de 2021

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Fredan Magno e o herói infalível

Infinits nasceu em 2002 como a história de Fredan Magno e sua jornada para ajudar a princesa Éluri Etern a salvar o mundo dos planos malignos de um senhor sombrio. Em sua concepção original, além de ser o típico herói orfão, destinado desde antes do seu nascimento a realizar grandes feitos, ele era o que gosto de chamar de Herói Infalível, aquele que nunca fracassará e que nunca tomará a decisão questionável. E, é claro, que o tempo só me fez perceber como Fredan era na verdade uma imitação fraca de conceitos também fracos de heroísmo em mundos ficcionais maniqueistas, onde o Bem Supremo batalha eternamente contra o Mal Absoluto.


Esboço de Fredan Magno


Após muitas reconstruções e adaptações, ficou estabelecido que aquela visão maniqueísta de mundo seria a maneira que historicamente ficou retratado pelos Simes como foi o desenvolvimento das era antigas e mitológicas de Therimah (em outros textos o mundo é referido como Etern neste período). O período "atual", o sétimo século da fundação da Nova Doradem, Fredan aparece como uma figura muito mais humanamente limitada e até mesmo secundária diante do esquema das coisas.


Em um mundo onde não há mais um poder "intrinsecamente bondoso" regendo Doradem, Fredan é um dos dois filhos de uma família privilegiada e influente graças a acordos de dezenas de gerações entre alguns poucos nobres que governam a política local com uma camada falsa e frágil de credibilidade. 


Fredan é importante e ninguém ao mesmo tempo. Sua melhor oportunidade de ganhar um posto de destaque na sociedade é se casar com sua melhor amiga e assim se tornar virtualmente o regente da cidade mais rica e influente do mundo.


Porém, diferente de seu irmão gêmeo, Fredan não quer esse cargo. Ele não quer nem pode mentir para sua melhor amiga, Éluri Etern, sobre quem ele é, ainda que para si mesmo ele minta com propriedade. Fredan é homossexual em um núcleo social que segrega desvios de comportamento como coisa de "classe baixa", pois famílias importantes precisam garantir a linhagem de maneira "natural".

 

A nova visão sobre Fredan me fez entendê-lo de maneira mais profunda. Ele sabe que não pode atender aos anseios que colocam sobre ele, mas ele ainda assim sente-se obrigado a buscar por essa tal importância e glória que passam a infância lhe colocando na cabeça. Sua relação com Shin, seu irmão, é degradada, uma vez que há o forte indício do segredo sobre a sexualidade do irmão e por eles serem gêmeos isso, de maneira complicada, afetar o ego do próprio Shin. A frustração que Fredan carrega apenas se acumula ao longo do tempo, até sua vida dar uma virada completa com o início da guerra que devasta Nova Doradem.

 

As mudanças no personagem até chegaram a afetar sua atuação em tempos mais antigos, fazendo com que Fredan, da época de Etern, passasse de um sábio General do exército do Clã Sagrado para um homem amargo, que esconde-se no trabalho para não encarar o fato de que não há total sinceridade no seu casamento com sua esposa e sua constituição familiar. 


Do ponto de vista criativo, foi uma jornada interessante de se passar com o personagem, criado em 2002, para enfim assumir-se homossexual em 2018, apesar de a aceitação dele em relação a este fato ainda ser algo que apenas nos manuscritos do livro não-terminado de "Herdeiros dos Deuses" trabalhei mais profundamente.

 

Fato é que Fredan não é mais um herói infalível agora, mas sim uma sombra desse herói e que é atormentado pela impossibilidade de alcançar esse ideal que não existe em um mundo onde não há mais lados absolutamente certos ou errados em uma disputa. Ele sequer é intrinsecamente importante, pois a trama que tento construir para Therimah não é do tipo onde basta ser homem e filho de burgueses influentes para ser relevante. Toda a pose e necessidade heroica de Fredan fica em segundo plano diante da trama que agora é tomada pela, outrora princesa, Éluri Riulis, que deixou de ser a garota incapaz de salvar a si mesma para ser quem tem a função e dever de mudar a si e o mundo ao seu redor.


Mas, sobre ela, falamos outro dia.